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Exegese*
Dalva Agne Lynch
Há pessoas - e ah, como são desprezíveis! - de quem escondemos a face viramos a esquina deletamos da tela. Há pessoas que vivem nas arestas nas frestas nas pedras nos rochedos escarpados. Há pessoas - e ah, como são solitárias! - que criam novos mundos sistemas significâncias porque não os há em seu escuro. Definham-se em impotência perdem-se no turbilhão e morrem sós despidas descalças desvairadas. E de repente sua luz atravessa o espaço desde o turbilhão - onde definharam - o escuro - onde morreram sós - e somos mergulhados em harmonia em traços matizes movimentos e os homens as vestem de glória - a que nunca tiveram - de honra - abaixo da qual viveram - e ah, como invejam-nas! Sem o escuro onde foram sós sem o turbilhão onde definharam os homens tentam atingir sua glória - aquela que não tiveram - chegar à sua honra - aquela que lhes foi negada - e fracassam. Porque o diamante se forma da pressão das arestas das frestas das pedras no íntimo dos rochedos escarpados. As estrelas brilham na imensidão do escuro na solidão do espaço no âmago do turbilhão de galáxias e auto-aniquilam-se de dentro para fora em explosões incandescência no exaurir do sopro. Sim, há pessoas - ah, como são desprezíveis! - que são estrelas da solidão diamantes de indignidade. E tu que temes a solidão que desprezas a indignidade inveja-as! Pois abre-te! Aprende a abraçar o escuro o turbilhão! Aceita perder-te para poder criar!
* Exegese significa a explicação ou interpretação minuciosa de um pensamento, de uma filosofia, um texto, uma obra artística. E não seria o homem a suprema obra artística?