Textos
A Lei de Retribuição
© Dalva Agne Lynch
Este texto não tem pretensão nenhuma de ser um compêndio de sabedoria. É apenas algo em que estive pensando ultimamente.
Conheço muita gente honesta e trabalhadeira que não consegue ir à frente porque está sob alguém inescrupuloso, que lhe rouba os direitos e o fruto de seu trabalho. E a pessoa não consegue sair de sob seu jugo.
Coloco aí a Dona Maria, mulher com diversos filhos, que depende de um marido canastrão para lhe suprir o necessário. Você diria: e por que teve filhos? Porque confiou em um pacto mútuo.
E há também o José, empregado que por anos a fio lutou lado a lado com o patrão, ajudando-o a prosperar. E este, ao enriquecer, nega-lhe aumento e a melhoria de vida. Largar o patrão representaria largar toda uma vida de batalhas, e, já de meia idade, ele teria que lutar em um mercado de jovens. E daí você pode perguntar: e por que não largou o patrão antes? Porque confiava em um companheiro de longa data.
Como você pode ver, não é apenas trabalhando e rezando que uma pessoa consegue algo na vida. Desculpe-me, mas, se você prosperou e está colhendo os frutos de seu trabalho, não é porque você foi abençoado pelas divindades celestiais. Ora, isto seria dizer que você foi mais merecedor que José, mais merecedor que Dona Maria. Não, amigo - você teve SORTE, que cai indiscriminadamente sobre este ou aquele. A chuva cai sobre justos e injustos, e o sol brilha sobre os bons e os maus... Sem discriminação...
A obra divina está na mão do homem, e ele é mestre de seu destino desde que tomou sobre si o direito de escolha - e não há reza que faça com que os bandidos parem de ser bandidos.
Sim, o homem justo prospera - mas essa prosperidade NÃO É medida em moedas. E vejo José como um vencedor, e seu patrão como um verme perdedor, não importa quão rico seja, não importa quão poderoso seja. Porque se José sofre agora por culpa dele, ele vai receber três vezes três sobre si cada um desses sofrimentos.
E Dona Maria, abandonada com os filhos porque amou e confiou, sofre agora - mas o imbecil que se foi com todo dinheiro e posses vai sofrer três vezes três por ela e por cada filho.
Esta é a Lei da Retribuição, que cai sobre a ínfima vida de cada um. Sim, não se engane: a vingança vem, ainda que não venha imediatamente. Acredite, não há essa do rico morrer feliz. Eu já morri, e voltei. E se o que vi naqueles nove minutos e 45 segundos é verdadeiro, tenho muita pena do opressor, do ladrão, do assassino.
Céu com anjinhos para o bom, e inferno com demoninhos para os maus? Não. Apenas um vir-a-ser sem fim, povoado com TUDO o que o homem fez na vida, inclusive o que mais temeu ou mais amou – até que ele aprenda que deve prestar contas de cada ato e cada palavra.
Pena que a grande maioria vive como se realidade fosse só esta do aqui e agora, e o conforto e as riquezas como se fossem só estas do aqui e agora...
Poizé.
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 03/10/2013
Alterado em 21/12/2015
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.