(English original after the translation)
Sobre o amor
(de meu livro "Espectro")
© Sarah D.A. Lynch
O Amor desperta minha alma – diáfano espectro soterrado, com profundos olhos cheios de anseio, longos braços estirados, mãos tenteantes. Peito vazio espectral, à espera de satisfação, em uma névoa-corpo cuja dança foi já há muito esquecida.
O amor clama dentro de meu ser – vozes de mil sonhos sub-repticiamente sonhados, escondidos às pressas, antes que a realidade os despedace.
São os ridículos e gloriosos movimentos de um pas-de-deux não ensaiado:
- Caminhar na praia de mãos dadas.
- Declamar poemas.
- Ler juntos.
- Sentar sobre uma pedra, sentir o contato, a união com todos os elementos da natureza ao derredor.
- Caminhar na chuva, beijar a água na boca do outro.
- Sentar no chão, ouvir música, acariciar o cabelo do outro, farejar o perfume de seu corpo.
- Palavras sem medo – as afirmações de “você é”, que produzem auto-confiança. Você é incrível. Você consegue. Creio em você.
- Beijar em público.
- Trabalhar juntos.
- Tocar e sentir – todo tempo, em qualquer local.
- Mensagens silenciosas – quando os olhos dizem: “Estou aqui. Tudo está bem.” em meio à multidão.
- Riso. Essa habilidade necessária para ultrapassar o ridículo, o irado, o estúpido, o terrível.
- O toque não requerido perante a grandeza – uma pintura, uma peça musical, qualquer manifestação de grandeza. A silenciosa mensagem “também notei”.
- Respeito – pela grandeza no outro.
- Respeito – pela divina obra de arte no outro.
- Respeito – pelas fraquezas do outro.
- Um senso de maravilha manifestado perante o incrível mistério de ser-se amado – ou amada.
- Silêncio a dois.
- Cuidado na doença, na dor – física e da alma.
- Refúgio contra socos e pontapés de uma dura realidade.
Apenas um intermezzo em meio aos ataques causticantes da vida. Mas mesmo se apenas por um pouco – não valerá uma eternidade?
“Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço – porque o amor é forte como a morte.” (Cantar dos Cantares 8:6, Ketuvim – Tanach)
ENGLISH VERSION
About Love
(from my book "Espectro")
Love is awakening my soul – a buried, diaphanous ghost, with deep yearning eyes, long outstretched arms, groping hands. An empty ghostly chest, waiting to be filled, in a body-mist whose dance was long forgotten.
Love is crying inside my soul – the voices of a thousand dreams surreptitiously dreamt, hastily hidden, lest reality would crush them.
The ridiculous and glorious movements of a non-rehearsed pas-de-deux:
Walking on the beach hand in hand, quoting poems.
Reading together.
Sitting on a rock, feeling a contact and oneness with the all the surrounding elements of nature.
Walking in the rain, kissing the water in each other’s mouth.
Sitting on the floor, listening to music, stroking each other’s hair, scenting each other’s scent.
Words without fear – the “You are” affirmations that build self-confidence: You are great. You are wonderful. You can do it. I believe in you.
Kissing in public.
Working together.
Touching and feeling – all the time, everywhere.
Unsaid messages –when the eye says, “I’m here. It’s alright” in the midst of a crowd.
Laughing. The skill needed to hurdle the ridiculous, the ugly, the angry, the stupid, the horrid.
The unasked for touch before greatness – a picture, a piece of music, any manifestation of greatness. The silent “I see it too” message.
Respect – for the greatness in each other.
Respect – for God’s work of art in each other.
Respect – for each other’s weaknesses.
A sense of wonder manifested before the incredible mystery of being loved.
Being silent together.
Care in ailing, in pain, physical or of the soul.
Haven against punches and kicks of a hard reality.
Just an intermezzo in the midst of life’s crushing blows. But even if for only a moment – wouldn’t it be worth it all?
“Set me as a seal upon thine heart, as a seal upon thine arm – for love is strong as death.” (Songs of Songs, 8:6 - Kethuvim - Tanach)