Dalva Agne Lynch
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AS TRÊS FACES DA LUA
 
©Sarah D.A. Lynch



A Lua tem três faces, mas permanece uma só.
Como ela, toda mulher é uma deusa, tendo três faces
Interligadas, entrelaçadas - permanecendo uma só.
Na imensidão incompreensível que há fora do tempo
No interior insondável que é seu ser feminino
Insoldável, incompreensível, incomensurável.

Nesse seu ser, ela é a Lua: criança, mãe e mulher.
A Lua Crescente é a criança que sempre será
Aquela que brinca e troça, faz ironia e se esquece
Ri e chora sem sentido, contradiz-se, entesa, cresce...

A Lua Cheia é a mãe e amante, a que ampara e conforta
A que ama seu homem, expectante, recebe e acalanta.
A mãe que mima o que parece fraco e indefeso
Cuidando tudo o que germina, cresce, floresce.

A Lua Minguante é a anciã, a mulher sábia e ponderada
A que busca o conhecimento nos astros, nas estações
E nos segredos dos corações dos homens
E toma todas as coisas com cautela.

Depois dela, é a Não-Lua. A ira, a morte, a escuridão.
A Lua Nova, que desaparece, que fere e mata.
Esta é aquela Não-Face que a Lua esconde
A que fere até ao homem que ama
E depois se esquece, se arrepende
E retorna a ser criança outra vez.

Porque a Lua tem três faces, mas permanece uma só.

Assim como a Lua, eu sou mulher, tenho três faces.
Meu ser Crescente ri, brinca contigo e faz troça
Te entesa, te irrita e depois chora, buscando teu carinho
E compreensão. A que te levanta olhos expectantes
Confiantes no teu ser muro e espada, poder e força.

Meu ser Lua Cheia é aquela que te ama e recebe confiante
Meu corpo amado e amante, criando e destilando a vida
Que do meu corpo jorra, fruto do teu amor.

Sou Lua Minguante, e minha mente busca as estrelas.
Falo de conhecimento, discuto filosofia com os sábios
Folheio alfarrábios e textos herméticos, ocultos, esquecidos.
Aconselho, pondero, meço justiça, recebo e acalanto.

Mas há também em mim a Não-Lua - a escura dança
Em que escondo a ira, o veneno, a vingança.

Porque sou mulher, sou Lua - três faces em uma só.
Três modos de perceber a vida, insondáveis, inexplicáveis
Meus três modos incomensuráveis de te amar
 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 10/12/2014
Alterado em 15/05/2016
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