Dalva Agne Lynch
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Texto em português abaixo do original em inglês


Cruelty

 
 


He is dead, I repeat to myself.
I saw his ashes floating away
His white urn nested in my arms
Void slowly nesting in my heart.
Did he know how bereaved I would be
How empty and incapable of living?
He knew. It was his last act of cruelty.
To take away hope as he had taken away
Everything I had. To leave me there
A small figure with astonished eyes
Dressed in black, no more waiting.  
Since then… I´ve invented love.
I hold in my arms faceless specters
Real only in the realms of my verses
And I shout, you, please, please be real!
Embrace me as I struggle and fight
Against you, against void and doubt!
But it is always to no avail…
So again I see ashes floating away
Leaving me there, a small figure
With astonished eyes, dressed in black…
And he knew. He knew he would kill me.
Dying was just his ultimate act
Of cruelty.


Versão em português
 
 

Crueldade
 


Repito a mim mesma: Ele está morto.
Vi suas cinzas desaparecendo nas águas
A urna branca aninhada em meus braços
O vazio aninhando-se em meu coração.
Sabia ele quão desolada me deixaria
Quão vazia, quão incapaz de viver?
Ele sabia. Era seu ultimo ato de crueldade.
Tirar-me a esperança, como tudo o mais.
Deixar-me ali, uma figura de olhos atônitos
Vestida em negro, sem mais esperas.
Desde então... Inventei o amor.
Seguro nos braços espectros sem rosto
Reais apenas nas linhas de meus versos
E grito, tu – tu, por favor, sê real!
Abraça-me enquanto me debato
Luto contra ti, contra o vazio, a dúvida!
Mas sempre me é tão inútil...
Então outra vez vejo cinzas flutuando
Deixando-me lá, uma pequena figura
De olhos atônitos, vestida em negro...
E ele sabia. Sabia que me mataria.
Morrer fora apenas seu supremo ato
De crueldade.
 

 
 
 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 10/08/2016
Alterado em 11/08/2016
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