Divina Comédia: Inferno
(Soneto alexandrino - 5 sílabas+5 sílabas, quatro estrofes, duas de quatro versos, duas de três)
©Dalva Agne Lynch
E por que de amor tanto assim se pena
Quando a ribalta enfim se desvanece
E o aplauso da plateia se emudece
E se fecha o pano ao fim da cena?
Depois de tudo só nos resta o saber
Que o pranto segue a cada beijo louco
E que viver intenso sonho é pouco
E as Nornes se nos cobram o prazer!
E todo abraço, toda expressão pura
E todo verso cantado com ternura
Apagam-se em dor e amargura!
Ah, estultícia, amante condenado!
Melhor seria nunca ter nascido
Que colher dores por se ter amado!
Ilustração de Gustave Doré, "Divina Comédia - Inferno" - Virgílio e Dante observam as almas condenadas pelo pecado da luxúria sendo carregadas pelo vento. No primeiro plano, Paolo e Francesca - Canto V