Dalva Agne Lynch
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English version after the one in Portuguese


Amor na melhor idade 5 – À beira da piscina

 
 
 
Sentada em uma espreguiçadeira, ela observava as famílias e os solteiros à borda da piscina interna do hotel, bebericando um Cosmopolitan. De repente deu um sorriso, tirou o Ipad da sacola, entrou em seu blog e começou a escrever os pensamentos que lhe vinham à mente.
 
“Descobri que nós, mulheres, somos como os gatos. Temos sete vidas. Primeiro bebês, depois ‘toddlers’, crianças, adolescentes, jovens adultas, adultas e avós.
 
É, sei o que se poderia pensar: homens também são assim. Não são coisa nenhuma. Até a adolescência sim. A partir daí, a vida da mulher começa a sangrar, e o homem começa a curtir.
 
Enquanto ele curte, a mulher precisa cuidar, se não de sua moral, pelo menos de seu corpo. Afinal, caso ela tenha um filho - outro derramamento de sangue – ele se tornará o centro de sua vida.

 
O homem? A maioria fica por uns tempos, até não aguentar mais a pressão de dividir a mulher com os filhos, ou a pressão de ter que ser um adulto (o homem permanece na adolescência até dar o último suspiro), quando a mulher não é mais a paciente sempre-presente namorada, e precisa dele.
 
E agora a mulher inicia sua quinta vida, a de jovem adulta. Impossível não morrer para a anterior – a criança, ou as crianças, dependem dela. Claro que ainda pode curtir a vida – mas não como antes. O homem, a todas essas, aqueles poucos que aguentaram até aqui, entra na sua “crise dos trinta-e-cinco” (antigamente era dos quarenta), vira 20 outra vez e pede o divórcio. A mulher fica com os filhos. Sozinha. Até que...
 
Os filhos crescem e saem de casa. A mulher entra na sua sexta vida. A casa agora está vazia quando ela retorna do trabalho. Não há roupas espalhadas por aí, nem quartos extras para arrumar. Não precisa mais planejar os menus da semana. Não precisa mais sair no meio da noite para pegar um filho na balada. Não precisa mais se descabelar tentando ter confiança em que a filha será ajuizada e não lhe dará um neto.
 
Ela agora pode curtir! Pode sair com as amigas para tomar um café na Starbucks, ou um drinque em algum lugar aconchegante.
 
Ela se olha no espelho, e vê que ainda está bonita o suficiente para atrair os homens. E recomeça a namorar. Desta vez, porém, sem pensar em fazer uma família.
 
A todas essas, os homens desta idade estão à cata de meninas da idade mental deles, quer dizer, 20 anos. Para a mulher da sexta vida, sobra-lhe os mais novos. E, sem querer, ela é levada de volta aos seus dias de quarta vida. Tudo o que o homem de 40-50 anos precisa batalhar para conseguir, ela recebe sem fazer o menor esforço.
 
Só que ela não é mais a mesma. A partir de agora, a própria Natureza a libertou da maldição do sangue: “...em dor darás à luz, e teu desejo será para teu homem, e ele te governará”. E, caso tenha escapado ilesa de mais um casamento, ela se dá conta de que é dona do seu nariz.  Que pode se preocupar em ficar bonita para se sentir bem, não para agradar a um companheiro, namorado, rolo, crush.
 
É nesse ponto que a mulher nasce para sua sétima vida. A partir daí, sem a maldição do sangue, os filhos com seus próprios filhos, a fase louca de testar seus limites já passada, ela começa a descobrir novas coisas dentro de si.
 
Nessa época, muitas mulheres atingem a proficiência máxima em sua profissão. Outras, já aposentadas, descobrem uma habilidade que antes desconheciam, e a desenvolvem – seja no artesanato, nas Artes, em trabalhos sociais.
 
Caso o amor apareça, ele toma o ‘back burner’, quer dizer, ele que se aqueça sozinho. Ela não vai se preocupar muito em se fazer bonita ou sorridente para agradar a um homem, talvez lembrando do quanto era duro estar gentil e bonita enquanto morria de cólica. Ou a dor nos pés, apertados nos stilettos. Ou a calcinha lhe cortando o traseiro só porque é moda e os homens gostam.
 
Não. Agora, se eles não gostam, que fiquem não gostando.”
 
Ela guardou o Ipad, tomou um gole do Cosmopolitan e colocou os óculos escuros. Ficou observando o salva-vidas da piscina do hotel.  Ele a lembrou de quem não queria pensar, então sacudiu a cabeça, para espantar os pensamentos.  
 
“Se é para chorar de amor, que seja à beira de uma piscina, ao invés de à beira de uma pia de cozinha!”

Sorriu para si mesma, chamou o garçom e pediu mais um Cosmopolitan. 

 
 
 
English version:
 
 
Love at the best age 5 – By the poolside

 
 
 
Lying on a beach chair drinking a Cosmopolitan, she observed families and singles by the hotel´s indoors pool. Her mouth suddenly opened in a smile. She took the Ipad out of her bag, got into her blog and proceeded to write her thoughts.

 
“I´ve come to realize we women are like cats. We have seven lives. First we´re babies, then toddlers, children, teenagers, young adults, adults and grandmothers.
 
Yes I know what you are thinking, that men are like that too. No, they aren´t. Until their teenage years yes – from then on, the woman begins bleeding and the man begins having a good time. 

 
While he has his fun, the woman needs to take care of herself – if not her morals, at least her body. After all, if she has a child – another bloodshed – that child will become the center of her life.
 
How about the man? Most men stay around for a while, until they can no longer endure the pressure of dividing the woman with the children, or the pressures of having to be an adult (the man stays in his teens until he breathes his last breath), since the woman is no longer his ever-present patient girlfriend, and she needs him.
 
And now, as an adult, the woman begins her fifth life. It´s impossible not to die for the previous one – the child, or children, depend on her. Of course she can still enjoy life – but never as before.
 
As for the man (the few who have endured up to now), he enters his "crisis of the thirty-fives" (it used to be his forties), turns 20 again and asks for a divorce. The woman stays with the children. Alone. Until...
 
The children are now grown and leave home. The woman enters her sixth life. Her home is now empty when she returns from work. There are no clothes scattered around, no extra rooms to clean. No more planning the weekly menus. She doesn´t have to go out in the middle of the night to pick up a kid in a night spot. She no longer needs to freak out while trying to trust her daughter´s maturity, that she´d not give her a grandchild. 
 
Now she can enjoy herself! She can go out with her friends for a cup of coffee in Starbucks or for a drink in some cozy place.
 
She looks at her reflection in the mirror and sees she is still beautiful enough to attract men, and starts dating again. This time with no thoughts of making a family.
 

Meanwhile, the men of her age are hunting girls of their own mental age, that is, 20 year olds. The sixth life woman gets the younger ones. She´s taken back to her fourth-life days. Everything the man in his 40 or 50 struggles to get, she gets without making the slightest effort.
 
But she is not the same anymore. From now on, Nature herself has freed her from the blood curse: "... in pain you will give birth, and your desire will be for your man, and he will rule over you." And if she´s escaped unscathed from another marriage, she realizes that she´s now her own woman. A woman who can think about looking beautiful not to please a mate, boyfriend, roll, crush, but just to feel good about herself.
  
That´s when the woman is born into her seventh life. From now on, free from the blood curse, her children with their own children, that crazy stage of testing her limits already passed, she begins to discover new things within herself.
 
It´s in this stage of their lives that many women achieve maximum proficiency in their profession. Others, already retired, discover a skill they did not know they possessed, and develop it – be it in crafts, in the Arts or in social work.
 
If love shows up, it takes the 'back burner'. She doesn´t worry too much about making herself beautiful or smiling to please a man, perhaps remembering how hard it was to be gentle and beautiful while dying of colic. Or the pain in her feet, stuck in stilettos. Or those panties cutting her butt just because it's fashionable and men like it.
 
Not anymore. Now, if a man doesn´t like something, well, he´ll just have to grin and bear it."

 
She put away her Ipad, took a sip of her Cosmopolitan and put on her sunglasses, watching the lifeguard at the poolside. He reminded her of the one she didn´t want to think about so she shook her head to clear her thoughts.
 
 "If one must cry for love, may it be by the pool, not by the kitchen sink!"

 
She smiled to herself, called the waiter and ordered another Cosmopolitan. 
 

 
 Capítulos de "Amor na melhor idade":

1 - O Início - The Beginning

http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5796098

2 - Transformação - Transformation
http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5828297

3 - A Rival - The Rival 
http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5832665

4 - Vergonha - Shame
http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5853797

5 - À Beira da Piscina - By the pool
http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5854619

6 - O Campo de San Nazario - The Camp of San Nazario
http://www.dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5885000  

7- Amor ou ridículo? - Love or Ridicule?

http://dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5888217

8 - Solidão - Loneliness
http://dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5892472

9. Amor na era do medo
http://dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5896710

10. Despedidas
http://dalvalynch.net/visualizar.php?idt=5911689


11. Desfecho
http://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/editor.php?acao=ler&idt=5959256&rasc=0

 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 16/12/2016
Alterado em 18/04/2017
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