Carta para um poeta
Tuas palavras são bolas de papel meio sujas e amassadas
Voando soltas como res derelicta por esquinas e sarjetas
E de repente quase me envergonho das minhas
Deslizando com elegância pelos canais de Veneza
Pelas margens do Sena e do Tâmisa e do Mar Morto.
Minhas palavras rolam pelas colinas do Neguev
As tuas rolam pelos bares da Cracolândia.
Contudo
A perplexidade e o espanto nos são os mesmos.
Afinal
Quando tudo já se nos foi dito e desdito
Não há diferença alguma
Entre o crack
E o absinto.