Ilustração de Shoshannah Brombacher, Brooklyn, NY - "A Luz e o Fogo de Baal Shem Tov"
Incondicional
(Erev Simchat Torah, 5778)
Angustio-me, Hashem. Meus pensamentos confusos se atropelam
E busco no que disseste aos Sábios uma razão, uma conexão
Entre o que se me está no espírito por escolha apenas minha
E o que se me está na Neshamah que a Ti se une. Os mistérios
De escolhas. Hashem, não me coube a mim sentir o que sinto
Esta escolha Te coube a Ti e a mim me coube apenas
Escolher entre atos e palavras. E eles, Hashem, afastam-me de Ti
E por eles peço perdão, e contra eles me comprometo. Mas o que sinto...
O que fazer com o que sinto, Hashem? Por que me queres quebrantada?
Perdoa meus atos e palavras impulsivos, perdoa-me por todas as vezes
Em que julguei atos e palavras pela justiça do mundo ao meu redor.
Justifiquei-me comparando-me... “O que há de errado nisso?”
Tua separação dói, Hashem. Levanto-me, o punho fechado no peito
E com o perdão que Te peço eu Te imploro, Mélech HaOlam
Que me dê forças para não me rebelar contra os Teus muros
Os muros dentro dos quais Tu nos separas e cujos portões
Fecham-se ao toque do Shofar. Separados. Doloridos. Difamados.
“E por que não te afastas dos muros, foges dos portões fechados
De Leis incongruentes com o mundo ao teu redor? Por que aceitas?”
Porque foi escolha de Hashem e não minha que se marcasse Ele
Em minha fronte, em minha mão, em minha boca, no meu corpo inteiro.
Tantos buscam entrada portões adentro, buscam por um direito
Quando não há direito algum! O que há, é o fardo terrível
De ser-se à parte, de carregar sobre si a Palavra do Infinito!
Dá meia-volta, tu, que buscas entrar pelos portões dos escolhidos!
Não há glamour ou charme em ser-se marcado e entregue
Ao matadouro das críticas do mundo!
Contudo
Uma vez dentro dos muros, uma vez aceito o fardo
De ter sido marcado como posse de um D´us ciumento
Uma vez aceitas as Palavras que te marcam e separam
As Promessas se te caem sobre a cabeça como manto e refúgio
As Palavras te pertencem como se enunciadas apenas para ti
O conforto te aquece em meio ao frio de todas as angústias.
E podes dizer com confiança, sim, eu sou do meu Amado
E meu Amado é meu. E ao soar da última nota do Shofar
Ao fecharem-se os portões e levantarem-se ao teu redor
Os muros da separação, todas as dicotomias desaparecem.
Todas as incongruências se esvaem. Todas angústias se vão.
O fardo se te transforma em asas, e é então que abraças
Todas as Leis e todas as Promessas
E começas a dançar.