Dalva Agne Lynch
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ENGLISH VERSION AFTER THE PORTUGUESE ORIGINAL

Carta para meus filhos

 
© Dalva Agne Lynch


O Eterno te colocou em meu ventre e te carreguei
Bem como carreguei todos os meus sonhos.

Vi quando gritaste, e quando Ele soprou Seu Espírito em tuas narinas
Tornando-te uma alma vivente. E eu te amei quando gritaste.
A partir daquele grito, foste minha vida, minha razão de ser.
Eu te envolvi em meus braços trêmulos e dei-te o seio.
O que mais te poderia dar? Como árvore do deserto, dei-te o que tinha.
Minha própria seiva. Com ela, dei-te todos os meus sonhos.
Mas agora - agora tu cresceste. Com cuidado preparei-te para a batalha
Dei-te armas para lutar por um lugar sob esse nosso inclemente Sol
Que brilha sobre tudo e todos sem fazer distinção entre o bom e o mau.
Dei-te um lugar sob a desnaturada chuva, que cai sobre os campos
Regando a tudo e todos sem fazer distinção entre o bom e o mau.
E agora caminhas só... Cruzas só o vale das sombras da morte.
Esfolas-te o orgulho e os joelhos nas pedras do caminho
E nada posso fazer para poupar-te, para te curar as feridas!
Ah, semente do meu ser! Seja lá o que a vida te entregue
Em prato de ouro ou barro, com talheres de prata ou pau
Que pelo menos te reste esta certeza: se de mim precisares, grita!
E, bem como quando nasceste, em braços trêmulos te envolverei
E te darei o que quer que seja que ainda me reste
Da seiva de meus esfarrapados sonhos...




English version
 
Letter to my children


© Dalva Agne Lynch
 
 
The Eternal put you in my womb and I carried you
As I´ve carried all my dreams.
I saw you when you shouted, and when He blew His Spirit into your nostrils
Making you a living soul. And I loved you when you shouted.
From that day forward you became my life, the reason for my existence.
I enfolded you with trembling arms and gave you my breast.

What else could I give you? As a desert tree, I gave you what I had.
My own life flow. And with it I gave you all of my dreams.
But now – now you´ve grown. With care I´ve prepared you for battle
I´ve given you weapons to fight for a place under this our unmerciful Sun
Which shines over everyone without distinguishing the good from the bad.
I´ve given you a place under the denatured rain, which falls over the fields
Watering everything and everyone without distinguishing the good from the bad.
And now you walk alone… Alone you cross the valley of the shadows of death.
You scrape your pride and your knees on the rocks of the path
And there´s nothing I can do to save you, to heal your wounds!
Oh seed of my own being! Whatever life dishes out to you
In plates of gold or clay, with spoons of silver or wood
May this one assurance remain with you: If you need me, shout!
And just like when you were born, with trembling arms I´ll enfold you
And I will give you whatever I have left
Of  the life flow of my tattered dreams...




 
Dalva Agne Lynch
Enviado por Dalva Agne Lynch em 21/04/2008
Alterado em 05/08/2013
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
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